Incêndios
intensos atingiram áreas de plantações no centro-oeste paulista no
último mês. A estiagem e o vento colaboraram para que as
chamas se espalhassem e muitos produtores rurais acabaram perdendo plantações
inteiras.
Uma
queimada que começou em uma plantação de eucalipto de uma empresa de celulose,
a Bracell, em Duartina (SP), durou 6 dias para ser contida pelas equipes da
brigada de incêndio com a ajuda de donos das propriedades vizinhas.
No entanto, o fogo se espalhou rapidamente
devido às condições climáticas e acabou atingindo propriedades rurais de outras
duas cidades, Avaí e Piratininga (SP).
O
produtor rural, Cilso Leonel, conta que perdeu 25 dos seus 33 alqueires de
eucalipto. A produção já estava vendida para empresas da construção civil.
Foram 10 anos de trabalho no campo para a
plantação chegar no ponto de colheita e apenas em algumas horas, a plantação
foi consumida pelo fogo.
“Tem 13
pessoas trabalhando nessa área, 13 famílias que dependem disso aqui. E o fogo
consumiu tudo, é desesperador. Você perde tudo que investiu em poucas horas”,
relata Cilso.
Em
sítio na região, a farmacêutica, Simone Valle, relata que havia plantado 3 mil
mudas para reflorestar o pasto em uma área de 20 mil metros quadrados para dar
continuidade a mata de cerrado que existia no local, mas tudo foi tomado pelo
fogo. Ela perdeu um trabalho realizado durante 3 anos.
Já na fazenda do pecuarista, José Roberto
Miras, as chamas atingiram uma área de preservação e ele recorda que teve tempo
apenas de salvar os animais, mas não conseguiu impedir as chamar de destruírem
a área de vegetação.
“Triste
de ver companheiro perdendo gado, planta, madeira, pessoas que sobrevivem
disso”, relembra o pecuarista.
Diante
dos prejuízos sofridos pela população de Piratininga, o coordenador da
Secretaria do Meio Ambiente e Agricultura da cidade, Bruno Pereira Chies,
explica que não pode ajudar os moradores a conter o fogo, porque a prefeitura
não dispõe de equipes treinadas e equipamentos específicos.
“A
prefeitura de Piratininga fica de mãos atadas tendo em vista que nós ainda não
temos uma Defesa Civil, uma brigada, um treinamento para os servidores e não
podemos expor os servidores sem treinamento e equipamento específico para fazer
esse tipo de trabalho. Nós temos muitas propriedades arrendadas para essas
empresas de celulose. Então, seria interessante que eles tivessem um maior
número de equipes espalhados em nosso território", explicou.
Um
apiário em uma propriedade de Duartina (SP) construído há cerca de 1 ano foi
destruído pelo fogo. A casa chegou a ficar sem telhado e as chamas consumiram
200 colmeias. Além disso, a plantação de eucalipto foi totalmente devastada. Segundo
o proprietário, os prejuízos passam de R$ 150 mil.
A
empresa destaca que nesse ano, devido à ocorrência de geadas atípicas e a
combinação de altas temperaturas, baixa umidade relativa do ar e fortes ventos,
o controle dos focos de incêndio vem sendo extremamente dificultado, sendo
necessário mais tempo e recursos para o controle das chamas.
A
Bracell disse ainda que até a última semana, a empresa recebeu 158 chamadas de
ocorrência de incêndios e, deste total, 73 foram em áreas fora da gestão, nas quais
a empresa disponibilizou equipes e recursos para o apoio no combate às chamas.